UM IMPÉRIO CHAMADO QUARTO SETOR

Faustino Vicente - Consultor de Empresas – e-mail: faustino.vicente@uol.com.br - tel.(011) 4586.7426 - Jundiaí (Terra da Uva) SP

UM IMPÉRIO CHAMADO QUARTO SETOR

Faustino Vicente*

As últimas décadas foram marcadas por importantíssimas conquistas científicas e fantásticas inovações tecnológicas, que acabaram por provocar profundas transformações no estilo de vida das pessoas.

Diante dessa conjuntura as empresas, que vendem excelência, trataram de reinventar as suas estruturas.

Ao Primeiro Setor, representado pelo Governo, cabe a missão de dar oportunidades (iguais) para que a população tenha acesso a serviços públicos de excelente qualidade, como uma das formas de reduzir a perversa distância entre a ilha de ricos e o oceano de pobres.

A política de desenvolvimento econômico deve privilegiar a geração de empregos e a melhoria da distribuição de renda, como pré-requisitos para que o país melhore a sua classificação no ranking mundial do IDH - índice de desenvolvimento humano.

Na iniciativa privada vamos encontrar o Segundo Setor, que tem no lucro a sua singular motivação.Estatísticas divulgadas pela imprensa comprovam que o índice de mortalidade de pequenas empresas tem sido excessivamente elevado.Entre as causas desses tropeços destacam-se falhas de planejamento e de pesquisas de mercado, recursos financeiros insuficientes para capital de giro, inexperiência em gestão empresarial e relacionamento insatisfatório junto à clientela.Apostar na melhoria contínua do processo é uma das mais inteligentes estratégias gerenciais.

No Terceiro Setor encontram-se os mais diversos tipos de instituições sem fins lucrativos e os investimentos em projetos sociais desenvolvidos pela iniciativa privada.Este setor,que movimenta bilhões de dólares mundialmente e gera milhões de empregos,tem como objetivo maior tornar a sociedade mais justa economicamente e mais igualitária socialmente.

A importância do tema nos leva à uma reflexão sobre o editorial da revista Falando de Qualidade (edição de 04/2004):

“Tem como base de sustentação a ética,que se expressa por meio dos princípios e valores adotados pela organização,pois não adianta remunerar mal os funcionários, corromper a área de compras dos clientes,pagar propinas aos fiscais do governo e, de outro lado,desenvolver programas junto a entidades sociais da comunidade. Esse comportamento não segue uma linha de coerência entre o discurso e a ação.”

O Quarto Setor, sinônimo da economia informal, sobrevive através de criativos artifícios para fugir das garras do leão do imposto de renda. Com passaporte multinacional, o setor não tem preconceito, não discrimina e não provoca exclusão social, profissional, racial, eleitoral, empresarial ou digital. Além da “informalidade oficial”, se é que podemos assim denominá-la, acrescente-se a ela o jurássico Caixa Dois.

Dessa realidade surge a pergunta - qual o PIB da economia subterrânea? As estimativas sinalizam para um valor superior a uma dezena de trilhões de dólares, ou seja, o mais poderoso império econômico-financeiro do planeta azul.Por essa gigantesca cifra pode-se calcular qual é a perda de arrecadação tributária e o conseqüente estrago social junto à população de baixa renda.

Entre as causas da economia paralela destacam-se o “exército” mundial de centenas de milhões de desempregados, a desobediência ao significado do “Dai a César o que é de César”, elevada carga tributária, ambição desenfreada, legislação trabalhista ultrapassada, burocracia excessiva, custos elevados para abertura de empresas, ineficiência do Estado, além de atividades incompatíveis com a transparência contábil.

Convencidos de que a pirataria de CDs é apenas a pontinha de um gigantesco “iceberg” transnacional,entendemos que a única arma capaz de reduzir o tamanho do Quarto Setor é a ética. Ah! Ela precisa deixar de ser um lindo discurso de todos e passar a ser uma prática diuturna de cada um de nós.

*Consultor de Empresas

e-mail: faustino.vicente@uol.com.br - tel.(011) 4586.7426 - Jundiaí - SP

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