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Lançamento do livro "As Raparigas da Rua de Baixo" - Reynaldo Domingos Ferreira |
[Clique nas imagens para ampliar] Ei, E-companheiros, No próximo Domingo (18 de abril), no horário de 15 às 17 horas, se dará o lançamento do meu novo livro ‘AS RAPARIGAS DA RUA DE BAIXO (Memórias de Infância)”, pela iEditora, no estande da Livraria
No livro, narro minha infância transcorrida em duas cidades do Triângulo Mineiro - Campo Florido e Uberaba - ambas marcadas pela cultura e tradições portuguesas. Talvez a citação de uma frase do escritor norte-americano, John Steinbeck (“À Leste do Eden”), feita no intróito, possa antecipar ao leitor a essência da narrativa: “Crescer é um processo difícil e doloroso”. O livro, com apresentação do poeta, contista, ensaísta e crítico literário, Anderson Braga Horta e capa de Vivian Valli, tem início com a chegada da minha família, a Campo Florido, após a instalação do município, ocorrida a 1o de janeiro de 1939, para que meu pai, natural do lugar, assuma simples função burocrática na Coletoria Estadual, depois haver sido aprovado em concurso, realizado em Belo Horizonte. Passada a euforia da chegada, a criança, que eu era, começa a tomar contato com a vida primitiva do lugar, onde o índice de mortalidade infantil, se houvesse sido apurado, seria elevadíssimo, dada a falta de acesso a vacinas contra diversas doenças como a paralisia infantil, o crupe, o tifo, o sarampo, a varicela, a catapora, a tuberculose, etc. O menino toma ciência então de outras tristes manifestações do Brasil rural em que vive sob o regime do Estado Novo, de Getúlio Vargas e assombrado pelas notícias da II Guerra Mundial, que tem por palco a Europa. Toma conhecimento, por outro lado, de que a tumultuada história da família paterna, marcada por fatos polêmicos, envolvendo principalmente a figura de sua bisavó, nascida na senzala, se confunde com a própria história da fundação da cidade pelo Barão de Campo Formoso no decorrer do ano de 1875. Compreende também que sua vida tem continuidade em outra cidade – Uberaba – onde nasceu e residem os familiares de sua mãe, com padrão de vida mais elevado, tendo acesso à energia elétrica, à geladeira, ao rádio, ao telefone, ao cinema, etc. O contraste da vida entre as duas cidades então se impõe ao discernimento da criança, impedida, entretanto, de se esclarecer com adultos sobre determinados assuntos, como, por exemplo, em Campo Florido, o da movimentação das raparigas – chegadas e saídas das pensionistas dos dois prostíbulos da cidade - tema principal das conversas de sua mãe com amigas, temerosas de que alguma delas pudesse vir desestabilizar a mesmice de suas vidas domésticas. Motivados pela curiosidade e pelo precoce impulso natural do sexo, ele e um amigo decidem fazer incursão pelas águas do riacho, que corta a cidade, até chegar aos fundos de um dos bordéis a fim de presenciar, escondidos no meio da vegetação de uma das margens, o banho das prostitutas numa ensolarada manhã de verão. Em Uberaba, o menino descobre, pelo cinema, o gosto pela música erudita – a de Tchaikovsky - mas sofre sérias reprimendas dos parentes de sua mãe, temerosos de que venha, no futuro, se tornar músico, como o avô, compositor e maestro da Banda União Uberabense, fundada em 1852, que ao morrer deixou a viúva, de vinte anos de idade, na miséria, com quatro filhos para criar. A narrativa avança na fase do pós-guerra e da transição democrática, depois da queda de Getúlio Vargas, mostrando os críticos reflexos desses acontecimentos sobre a vida familiar. Enfim, com esse livro, espero estar cumprindo minha obrigação para com a história, que é - bem ou mal - o de registrá-la. REYNALDO DOMINGOS FERREIRA A jornalista, tradutora, promotora cultural e critica cinematográfica, Theresa Catharina de Góes Campos (www.arteculturanews.com), que colaborou na revisão dos originais de “As Raparigas da Rua de Baixo (Memórias de Infância)”, assim se manifesta sobre o mesmo: “Reynaldo, Seu livro é realmente assombroso! Você é um contador de história que parece tudo ver e tudo sentir, registrando ambientes, circunstâncias e personagens com acuidade impressionante, indo além dos acontecimentos para compreender emoções, atitudes e preconceitos. Terminei a leitura do livro muito comovida.” THERESA CATHARINA DE GÓES CAMPOS Eis a apresentação de Anderson Braga Horta: SABOR DE VIDA
Poeta, Reynaldo se fez conhecido por uma longa composição, Elegia ao Chapéu, ganhadora de concurso de âmbito nacional e lançada em livro de 1983. Talvez possamos afirmar, porém, que a parte mais importante de sua criação literária tem cabido ao dramaturgo. Naquele mesmo ano, pôs em letra de forma e levou ao palco a peça Dona Bárbara, reeditada singularmente em 1986 e, com outras duas, em 1998, sob o título Três Mulheres no Palco. Não é sem propósito a rememoração da experiência literária do Autor. Deve-lhe ele, em parte, o modelar com mestria as imagens dramáticas e os momentos poéticos destas memórias de infância. Pois ao escritor não basta lembrar: é mister, no papel, fazê-lo seletivamente, privilegiando os lugares, as personagens, os episódios de maior importância ou vigor, dando a estes um ordenamento significativo, e esquecendo o que não tem função no contexto. O bom memorialista deve dominar a técnica do romance. Reynaldo D. Ferreira tem plena segurança na condução do fio narrativo, sustentando o interesse do leitor, com a ênfase, conforme o caso, nos meandros psicológicos ou na ação, revelando-se senhor do sentido do drama, quando não do trágico, e sábio no emprego do condimento poético, onde e quando cabível e necessários, sem desbordamentos inúteis ou piegas.
É este, pois, a par do valor testemunhal e literário, um livro com cheiro e gosto de vida, que se lê com prazer. ANDERSON BRAGA HORTA, poeta, contista, ensaísta e crítico literário. |