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            O artigo 17 é o mais sucinto de nosso Código de Ética: "O
            jornalista deve preservar a língua e a cultura nacionais", mas
            nem por isso estaríamos justificados em subestimá-lo. A independência
            política e sócio-econômica têm fundamentos na independência
            cultural, cuja falta impede que as outras se concretizem ou
            perdurem. 
             
            Na realização de suas atividades, o uso correto, eficiente do
            idioma, instrumento básico, dotado de elementos de precisão e
            capaz de criatividade ilimitada, enriquece matérias de periódicos,
            produções radiofônicas, de vídeo e cinematográficas, textos os
            mais diversos. No cumprimento de sua responsabilidade de informar,
            os profissionais da comunicação buscam a clareza, a precisão, a
            objetividade. 
             
            Erros gramaticais prejudicam essas metas essenciais, sejam de
            ortografia, semântica ou concordância. Até a fonética deve ser
            aplicada eficazmente, para evitar a cacofonia, a ambigüidade, e à
            procura da beleza na escrita e nos sons. 
             
            Se houver desleixo na escolha de substantivos, adjetivos, verbos e
            advérbios, o exercício do jornalismo poderá atingir a honra de
            pessoas e organizações, prejudicando-as de várias maneiras, às
            vezes permanentemente. Os modos e tempos verbais influem na
            transmissão da informação. Os pronomes pessoais que escolhemos
            também! 
             
            A decisão sobre o vocabulário a se utilizar em chamadas, títulos
            e subtítulos, ainda que nas conhecidas circunstâncias de pressão
            que os jornalistas enfrentam em sua rotina de trabalho, requer um
            tempo de reflexão crítica. Visualizar seus efeitos demonstra
            conhecimentos do idioma e do público. 
             
            O perfil daqueles com quem pretendemos nos comunicar constitui um
            elemento primordial a se estudar, mesmo que nos recusemos a nos
            moldar por eles, e nossa opção seja, de fato, elevar o seu nível,
            transformá-los, conscientizá-los. 
             
            A língua portuguesa, considerada no contexto de outros idiomas,
            sobretudo diante da autêntica "invasão" de palavras e
            expressões inglesas, precisa ser defendida sempre que isso for possível. 
             
            Lutar contra a realidade universal de termos técnico-científicos não
            é o que estamos aconselhando, pois não seria pragmático, nem
            inteligente. Defendemos nosso idioma como expressão de cidadania e
            nacionalidade, e não, como instrumento de xenofobia. 
             
            Visando à preservação da língua e da cultura nacionais, como o
            nosso Código de Ética ensina, precisamos nos empenhar para conhecê-las
            em todas as suas dimensões e possibilidades, aplicando-as,
            tornando-as presentes. 
             
            A sociedade espera isso de nós! Não devemos desapontar o nosso público. 
             
            Theresa Catharina de Góes Campos é articulista do 180graus.com 
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