| 
  
    | Eu sou feita de madeira
 Madeira, matéria morta
 Mas não há coisa no mundo
 Mais viva do que uma porta.
 
 
 Eu abro devagarinho
 Pra passar o menininho
 Eu abro bem com cuidado
 Pra passar o namorado
 Eu abro bem prazenteira
 Pra passar a cozinheira
 Eu abro de sopetão
 Pra passar o capitão.
 
 
 Só não abro pra essa gente
 Que diz (a mim bem me importa . . .)
 Que se uma pessoa é burra
 É burra como uma porta.
 
 
 Eu sou muito inteligente!
 
 
 Eu fecho a frente da casa
 Fecho a frente do quartel
 Fecho tudo nesse mundo
 Só vivo aberta no céu!
 
 
 Vinícius de Moraes
 
 Jornal de Poesia - www.secrel.com.br
 
       Voltar |  |